Matemática na poupança e no crédito
O Referencial de Educação Financeira (2013) adotado em Portugal refere que é importante que os alunos compreendam:
“(…) a importância da poupança, entendida como um ato de renúncia a um consumo presente, em prol da satisfação de consumos/investimentos futuros”.
Os alunos devem ainda entender que:
“(…) a poupança permite satisfazer diversos objetivos (aquisição de bens duradouros, precaução face ao futuro, acumulação de riqueza), e que a decisão de poupar pode ser influenciada por fatores de natureza económica – rendimento disponível – e por fatores psicológicos – perceção relativa à incerteza face ao futuro”.
Os alunos devem igualmente entender que:
“(…) existem diversas formas de aplicar as suas poupanças, às quais estão associadas diferentes taxas de remuneração e risco”.
Podemos dizer, em resumo, que a poupança é uma forma de acumular dinheiro com vista a uma aplicação futura.
Essa acumulação deve ser devidamente planeada para se obter o máximo de vantagens, aumentado o valor da poupança tanto quanto possível.
O Óscar recebeu há dias a notícia de que os pais só conseguem suportar metade do custo da viagem de finalistas da sua turma. O valor total por aluno é de 525 €, estimando-se que cada aluno precisa de, no mínimo, mais 60 € para despesas com alimentação e pequenos gastos.
No seu mealheiro, o Óscar tem 40 €, a sua mesada é de 30 € e só a receberá mais três vezes antes de ter de fazer o pagamento do valor total da viagem.
Qual é o valor total das despesas com a viagem e quanto vai faltar ao Óscar para a pagar?
Que valor conseguirá o Óscar poupar até à data de pagamento da viagem, se não efetuar nenhum gasto extra?
Que valor tem o Óscar em falta para poder pagar o valor total das despesas com a viagem?
Quanto deveria ter o Óscar poupado mensalmente anteriormente para poder pagar o valor total das despesas com a viagem, e durante quantos meses?
Sabendo que o Óscar quer fazer o possível para ir na sua viagem de finalistas, quanto precisará ele de poupar adicionalmente por mês, sabendo que dispõe de três meses antes de ter de fazer o pagamento do valor total da viagem (podendo por exemplo fazer pequenos serviços para a família e vizinhos).
Responda à questão anterior supondo que dispõe de três meses antes de ter de fazer o pagamento de metade do valor total da viagem e mais três meses antes de pagar o resto da viagem (não se esqueça dos 60 € para despesas com alimentação e pequenos gastos).
Se o Óscar decidir reorientar as suas poupanças atuais e futuras para tirar a carta de condução, quando conseguirá pagar o valor inicial de 220 €, tendo planeado fazer uma poupança mensal de 18 €?
(Adaptado do Caderno de Educação Financeira – 4)
A Joana experimentou o skate da prima e gostou muito. Decidiu, então, comprar um para si. Pediu aos pais uma mesada para poupar dinheiro com este objetivo. Os pais concordaram e apresentaram-lhe duas hipóteses:
No primeiro mês receberia 5 euros e daí em diante receberia um aumento de 20% relativamente ao mês anterior;
Em alternativa, receberia 10 euros no primeiro mês e um aumento fixo de 2,50 euros todos os meses.
Ajuda a Joana a decidir qual das alternativas apresenta mais vantagens. Para auxiliar na decisão, utiliza uma folha de cálculo. Deves escolher várias hipóteses de preços para um skate e observar se há mudanças na resposta à questão.
(Adaptado de Aprendizagens Essenciais de Matemática para o Ensino Básico - Coletânea de tarefas).
As opções de poupança mais comuns são:
Contas de depósito a prazo;
Certificados de aforro;
Certificados do tesouro.
Mas também se pode poupar investindo dinheiro noutras aplicações financeiras como, por exemplo:
Ações;
Obrigações;
Fundos de investimento;
Fundos de pensões;
Seguros de capitalização;
Planos de poupança.
Um depósito a prazo consiste na entrega de dinheiro a um banco por um certo período de tempo, obtendo o depositante uma remuneração de acordo com as condições que forem contratadas entre a pessoa e o banco e que podem variar muito com a instituição e com a altura em que são feitas. Um depósito com prazo tem associada uma data de início e uma data de fim (chamada o vencimento), que definem o prazo do depósito, isto é, o tempo durante o qual o dinheiro deve ser mantido no banco; este prazo pode ser mensal, trimestral, semestral, anual ou outro, de acordo com o que for contratado. A remuneração é definida por uma taxa de juro chamada TANB (Taxa Anual Nominal Bruta, ou seja antes de serem retirados os impostos em vigor).
A Rita aplicou 1000 € (que ganhou num prémio literário!) num depósito a prazo pelo período de um ano, com uma TANB de 1 %.
Qual é o valor da remuneração desta aplicação antes de cobrados os impostos?
Qual seria o valor da remuneração desta aplicação com uma TANB de 2 %, antes de cobrados os impostos?
Qual é o valor da remuneração que a Rita obteria se a aplicação fosse feita por seis meses, antes de cobrados os impostos?
Qual é o valor da remuneração se a aplicação fosse feita por dois períodos de seis meses, antes de cobrados os impostos? Tenha em atenção que no final do período de seis meses a Rita já teria mais dinheiro e portanto aplicaria o valor extra na aplicação.
Sendo o prazo contratado de um ano, se a Rita levantar o dinheiro antes do vencimento contratado, o valor obtido é proporcional ao número de dias que o dinheiro esteve no banco, com uma taxa de penalização de 50 %. Se a Rita levantar o dinheiro passados 3 meses que valor obtém de remuneração?
(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)
A remuneração de um depósito a prazo pode ser feita de vários modos. Os principais são:
com capitalização de juros (juros compostos); e
sem capitalização de juros (juros simples).
A capitalização de juros significa o seguinte:
coloca-se um certo capital no banco, num depósito a prazo (por exemplo, 1000 euros, num prazo de um ano, com 2 % de taxa);
ao fim de um ano, o banco paga os juros de 2 % (2 % de 1000 euros são 20 euros);
esse juro é adicionado ao capital, no começo do segundo ano de depósito (o capital passou, assim, a 1020 euros);
ao fim do segundo ano, o juro de 2 % é calculado sobre este capital (ou seja, será de 2 % de 1020 euros, que são 20,4 euros;
este juro ao fim do segundo é adicionado ao capital (passa a 1040,2 €);
e assim sucessivamente.
Este processo é chamado-se de juros compostos.
Quando não há capitalização de juros, os juros obtidos são colocados numa conta separada, não acumulando ao capital: estamos perante juros simples.
O Ulisses aplicou 1000 €, que poupou ao longo do último ano, num depósito a prazo anual, renovado automaticamente, durante 3 anos, com uma TANB de 2 %.
Compare o valor de remuneração bruta (isto é, antes de impostos) ao cabo dos 3 anos com juros compostos e com juros simples.
(adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)
A Telma pretende aplicar 500 €, que poupou ao longo do último ano, num depósito a prazo pelo período de 5 anos, mas não sabe que tipo de depósito deve escolher. Ela tem três opções:
Depósito a prazo de 92 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros compostos, com uma TANB de 1 %.
Depósito a prazo de 360 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros simples, com uma TANB de 2 %.
Depósito a prazo de 180 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros simples, com uma TANB de 3 %.
Compare o valor de remuneração bruta (isto é, antes de impostos) obtida no final dos 5 anos para de cada um dos depósitos. Note que poderá ser útil usar uma folha de cálculo.
(adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)
Retome o exemplo anterior e considere que houve uma emergência e a Telma teve de levantar o dinheiro do depósito a prazo ao fim de 3 anos e 4 meses.
Supondo que o banco aplica uma penalidade sobre os juros do período mais recente no valor de 50 %, qual dos depósitos se torna o mais favorável nesta situação?
Qual é o capital inicial que se deverá depositar num depósito a prazo anual com capitalização de juros para, ao fim de 5 anos, obter um capital final de 1000 €, com uma TANB de 2 %? (Pode ser útil usar uma folha de cálculo…)
Com um capital inicial 500 €, por quanto tempo se deve manter um depósito a prazo anual com capitalização de juros para obter um capital final de 1000 €, com uma TANB de 2 %? (Pode ser útil usar uma folha de cálculo…)
Existem simuladores em linha que nos permitem comparar diferentes situações de depósitos mas uma folha de cálculo ou a programação de um algoritmo numa linguagem de programação dá-nos sempre mais possibilidades de comparação e discussão.
Um simulador fácil de usar é o “doutorfinanças”. Use este simulador para explorar o quarto e o quinto exemplos.
Um simulador muito completo é disponibilizado pelo Banco de Portugal. Use este simulador para explorar o sétimo e o oitavo exemplos.
Quando se pretende fazer uma compra (carro, casa, etc.) ou um investimento (criar uma banda musical, abrir uma loja, montar uma empresa, etc.) é frequente que não se tenha o dinheiro do valor total do que se pretende gastar. Para obter esse dinheiro, pode solicitar-se um empréstimo bancário para o valor total ou para parte do que se pretende. É a isso que se chama recorrer ao crédito.
Esta questão pode ser bastante complexa — por isso, vamos aqui ver apenas alguns casos simples. Temos de considerar três conceitos-chave sobre crédito:
Taxa Anual Nominal (TAN) — taxa de juro que o banco cobra para efetivar o crédito;
Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) — custo total do crédito, englobando os custos com juros (TAN) e outros encargos cobrados pelo banco. É expressa em percentagem anual do montante total do crédito;
Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC) — valor global que o cliente paga pelo empréstimo, ou seja, é a soma do montante do empréstimo com o total de custos.
Outros detalhes podem ser vistos no Caderno de Educação Financeira – 4.
A Íris estuda Música no Conservatório e está a ponderar pedir um empréstimo pessoal de 10 000 € a 48 meses, com um juro anual de 10,7 % (TAN), para formar uma banda.
Qual é o valor total de juros que ela terá de pagar no final dos 48 meses?
Qual é o valor total a pagar pela Íris pelo empréstimo de 10 000 €?
Se o TAEG for de 12,5 %, qual é o MTIC a pagar?
(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)
O Diogo estuda Música no Conservatório e está a ponderar pedir um empréstimo pessoal para formar uma banda. Precisa de 15 000 € mas não pode pagar mensalmente mais de 250 €.
Qual é o valor de juros que ele terá de pagar se o prazo for de 48 meses?
Qual terá de ser o prazo se o juro anual for de 10,7 % (TAN)?
Que combinações de juro anual e prazo de pagamento poderá o Diogo tentar obter para obter uma solução mais favorável?
(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)
Referencial de Educação Financeira para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e a Educação e Formação de Adultos, aprovado por despacho do Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, de 30 de maio de 2013 (DGE).
https://www.dge.mec.pt/referencial-de-educacao-financeira
CADERNO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA 4, Plano Nacional de Formação Financeira - Todos Contam.
https://www.todoscontam.pt/pt-pt/caderno-de-educacao-financeira-4
Juros simples e compostos: o que são e como os calcular? Caixa Geral de Depósitos
https://www.cgd.pt/Site/Saldo-Positivo/o-banco-e-eu/Pages/calcular-juros-simples-e-compostos.aspx
Aprendizagens Essenciais de Matemática para o Ensino Básico - Coletânea de tarefas - Tema: Números
https://aem.dge.mec.pt/sites/default/files/resources/numeros.pdf