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Modelos Matemáticos em Finanças (2)

Matemática na poupança e no crédito

Published onJul 31, 2024
Modelos Matemáticos em Finanças (2)
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Matemática na poupança e no crédito

O Referencial de Educação Financeira (2013) adotado em Portugal refere que é importante que os alunos compreendam:

“(…) a importância da poupança, entendida como um ato de renúncia a um consumo presente, em prol da satisfação de consumos/investimentos futuros”.

Os alunos devem ainda entender que:

“(…) a poupança permite satisfazer diversos objetivos (aquisição de bens duradouros, precaução face ao futuro, acumulação de riqueza), e que a decisão de poupar pode ser influenciada por fatores de natureza económica – rendimento disponível – e por fatores psicológicos – perceção relativa à incerteza face ao futuro”.

Os alunos devem igualmente entender que:

“(…) existem diversas formas de aplicar as suas poupanças, às quais estão associadas diferentes taxas de remuneração e risco”.

Podemos dizer, em resumo, que a poupança é uma forma de acumular dinheiro com vista a uma aplicação futura.

Essa acumulação deve ser devidamente planeada para se obter o máximo de vantagens, aumentado o valor da poupança tanto quanto possível.

Fig. 1

Referencial de Educação Financeira (2013)

Primeiro exemplo – Poupar mesadas


O Óscar recebeu há dias a notícia de que os pais só conseguem suportar metade do custo da viagem de finalistas da sua turma. O valor total por aluno é de 525 €, estimando-se que cada aluno precisa de, no mínimo, mais 60 € para despesas com alimentação e pequenos gastos.

No seu mealheiro, o Óscar tem 40 €, a sua mesada é de 30 € e só a receberá mais três vezes antes de ter de fazer o pagamento do valor total da viagem.

  1. Qual é o valor total das despesas com a viagem e quanto vai faltar ao Óscar para a pagar?

  2. Que valor conseguirá o Óscar poupar até à data de pagamento da viagem, se não efetuar nenhum gasto extra?

  3. Que valor tem o Óscar em falta para poder pagar o valor total das despesas com a viagem?

  4. Quanto deveria ter o Óscar poupado mensalmente anteriormente para poder pagar o valor total das despesas com a viagem, e durante quantos meses?

  5. Sabendo que o Óscar quer fazer o possível para ir na sua viagem de finalistas, quanto precisará ele de poupar adicionalmente por mês, sabendo que dispõe de três meses antes de ter de fazer o pagamento do valor total da viagem (podendo por exemplo fazer pequenos serviços para a família e vizinhos).

  6. Responda à questão anterior supondo que dispõe de três meses antes de ter de fazer o pagamento de metade do valor total da viagem e mais três meses antes de pagar o resto da viagem (não se esqueça dos 60 € para despesas com alimentação e pequenos gastos).

  7. Se o Óscar decidir reorientar as suas poupanças atuais e futuras para tirar a carta de condução, quando conseguirá pagar o valor inicial de 220 €, tendo planeado fazer uma poupança mensal de 18 €?

(Adaptado do Caderno de Educação Financeira – 4)

Segundo exemplo – Qual é a mesada mais favorável?


A Joana experimentou o skate da prima e gostou muito. Decidiu, então, comprar um para si. Pediu aos pais uma mesada para poupar dinheiro com este objetivo. Os pais concordaram e apresentaram-lhe duas hipóteses:

  1. No primeiro mês receberia 5 euros e daí em diante receberia um aumento de 20% relativamente ao mês anterior;

  2. Em alternativa, receberia 10 euros no primeiro mês e um aumento fixo de 2,50 euros todos os meses.

Ajuda a Joana a decidir qual das alternativas apresenta mais vantagens. Para auxiliar na decisão, utiliza uma folha de cálculo. Deves escolher várias hipóteses de preços para um skate e observar se há mudanças na resposta à questão.

(Adaptado de Aprendizagens Essenciais de Matemática para o Ensino Básico - Coletânea de tarefas).

Que formas de poupança existem?

As opções de poupança mais comuns são:

  1. Contas de depósito a prazo;

  2. Certificados de aforro;

  3. Certificados do tesouro.

Mas também se pode poupar investindo dinheiro noutras aplicações financeiras como, por exemplo:

  1. Ações;

  2. Obrigações;

  3. Fundos de investimento;

  4. Fundos de pensões;

  5. Seguros de capitalização;

  6. Planos de poupança.

Depósitos a prazo

Um depósito a prazo consiste na entrega de dinheiro a um banco por um certo período de tempo, obtendo o depositante uma remuneração de acordo com as condições que forem contratadas entre a pessoa e o banco e que podem variar muito com a instituição e com a altura em que são feitas. Um depósito com prazo tem associada uma data de início e uma data de fim (chamada o vencimento), que definem o prazo do depósito, isto é, o tempo durante o qual o dinheiro deve ser mantido no banco; este prazo pode ser mensal, trimestral, semestral, anual ou outro, de acordo com o que for contratado. A remuneração é definida por uma taxa de juro chamada TANB (Taxa Anual Nominal Bruta, ou seja antes de serem retirados os impostos em vigor).

Terceiro exemplo – Depósito a prazo


A Rita aplicou 1000 € (que ganhou num prémio literário!) num depósito a prazo pelo período de um ano, com uma TANB de 1 %.

  1. Qual é o valor da remuneração desta aplicação antes de cobrados os impostos?

  2. Qual seria o valor da remuneração desta aplicação com uma TANB de 2 %, antes de cobrados os impostos?

  3. Qual é o valor da remuneração que a Rita obteria se a aplicação fosse feita por seis meses, antes de cobrados os impostos?

  4. Qual é o valor da remuneração se a aplicação fosse feita por dois períodos de seis meses, antes de cobrados os impostos? Tenha em atenção que no final do período de seis meses a Rita já teria mais dinheiro e portanto aplicaria o valor extra na aplicação.

  5. Sendo o prazo contratado de um ano, se a Rita levantar o dinheiro antes do vencimento contratado, o valor obtido é proporcional ao número de dias que o dinheiro esteve no banco, com uma taxa de penalização de 50 %. Se a Rita levantar o dinheiro passados 3 meses que valor obtém de remuneração?

(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)

Duas formas de receber juros num depósito a prazo

A remuneração de um depósito a prazo pode ser feita de vários modos. Os principais são:

  • com capitalização de juros (juros compostos); e

  • sem capitalização de juros (juros simples).

A capitalização de juros significa o seguinte:

  1. coloca-se um certo capital no banco, num depósito a prazo (por exemplo, 1000 euros, num prazo de um ano, com 2 % de taxa);

  2. ao fim de um ano, o banco paga os juros de 2 % (2 % de 1000 euros são 20 euros);

  3. esse juro é adicionado ao capital, no começo do segundo ano de depósito (o capital passou, assim, a 1020 euros);

  4. ao fim do segundo ano, o juro de 2 % é calculado sobre este capital (ou seja, será de 2 % de 1020 euros, que são 20,4 euros;

  5. este juro ao fim do segundo é adicionado ao capital (passa a 1040,2 €);

  6. e assim sucessivamente.

Este processo é chamado-se de juros compostos.

Quando não há capitalização de juros, os juros obtidos são colocados numa conta separada, não acumulando ao capital: estamos perante juros simples.

Quarto exemplo – Juros simples ou compostos?


O Ulisses aplicou 1000 €, que poupou ao longo do último ano, num depósito a prazo anual, renovado automaticamente, durante 3 anos, com uma TANB de 2 %.

Compare o valor de remuneração bruta (isto é, antes de impostos) ao cabo dos 3 anos com juros compostos e com juros simples.

(adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)

Quinto exemplo – Qual é a melhor remuneração?


A Telma pretende aplicar 500 €, que poupou ao longo do último ano, num depósito a prazo pelo período de 5 anos, mas não sabe que tipo de depósito deve escolher. Ela tem três opções:

  1. Depósito a prazo de 92 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros compostos, com uma TANB de 1 %.

  2. Depósito a prazo de 360 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros simples, com uma TANB de 2 %.

  3. Depósito a prazo de 180 dias, com renovação automática por iguais períodos, com juros simples, com uma TANB de 3 %.

Compare o valor de remuneração bruta (isto é, antes de impostos) obtida no final dos 5 anos para de cada um dos depósitos. Note que poderá ser útil usar uma folha de cálculo.

(adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)

Sexto exemplo – E se há uma emergência?


Retome o exemplo anterior e considere que houve uma emergência e a Telma teve de levantar o dinheiro do depósito a prazo ao fim de 3 anos e 4 meses.

Supondo que o banco aplica uma penalidade sobre os juros do período mais recente no valor de 50 %, qual dos depósitos se torna o mais favorável nesta situação?

Sétimo exemplo – Planeamento de poupanças (1)


Qual é o capital inicial que se deverá depositar num depósito a prazo anual com capitalização de juros para, ao fim de 5 anos, obter um capital final de 1000 €, com uma TANB de 2 %? (Pode ser útil usar uma folha de cálculo…)

Oitavo exemplo – Planeamento de poupanças (2)


Com um capital inicial 500 €, por quanto tempo se deve manter um depósito a prazo anual com capitalização de juros para obter um capital final de 1000 €, com uma TANB de 2 %? (Pode ser útil usar uma folha de cálculo…)

Simuladores em linha de remuneração de depósitos

Existem simuladores em linha que nos permitem comparar diferentes situações de depósitos mas uma folha de cálculo ou a programação de um algoritmo numa linguagem de programação dá-nos sempre mais possibilidades de comparação e discussão.

Um simulador fácil de usar é o “doutorfinanças”. Use este simulador para explorar o quarto e o quinto exemplos.

Fig. 2

Simulador de depósitos a prazo

Um simulador muito completo é disponibilizado pelo Banco de Portugal. Use este simulador para explorar o sétimo e o oitavo exemplos.

Fig. 3

Simulador de juros nos depósitos bancários do Banco de Portugal.

Crédito

Quando se pretende fazer uma compra (carro, casa, etc.) ou um investimento (criar uma banda musical, abrir uma loja, montar uma empresa, etc.) é frequente que não se tenha o dinheiro do valor total do que se pretende gastar. Para obter esse dinheiro, pode solicitar-se um empréstimo bancário para o valor total ou para parte do que se pretende. É a isso que se chama recorrer ao crédito.

Esta questão pode ser bastante complexa — por isso, vamos aqui ver apenas alguns casos simples. Temos de considerar três conceitos-chave sobre crédito:

  1. Taxa Anual Nominal (TAN) — taxa de juro que o banco cobra para efetivar o crédito;

  2. Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) — custo total do crédito, englobando os custos com juros (TAN) e outros encargos cobrados pelo banco. É expressa em percentagem anual do montante total do crédito;

  3. Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC) — valor global que o cliente paga pelo empréstimo, ou seja, é a soma do montante do empréstimo com o total de custos.

Outros detalhes podem ser vistos no Caderno de Educação Financeira – 4.

9.º exemplo: Montar uma banda musical


A Íris estuda Música no Conservatório e está a ponderar pedir um empréstimo pessoal de 10 000 € a 48 meses, com um juro anual de 10,7 % (TAN), para formar uma banda.

  1. Qual é o valor total de juros que ela terá de pagar no final dos 48 meses?

  2. Qual é o valor total a pagar pela Íris pelo empréstimo de 10 000 €?

  3. Se o TAEG for de 12,5 %, qual é o MTIC a pagar?

(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)

10.º exemplo – Será possível montar uma banda musical?


O Diogo estuda Música no Conservatório e está a ponderar pedir um empréstimo pessoal para formar uma banda. Precisa de 15 000 € mas não pode pagar mensalmente mais de 250 €.

  1. Qual é o valor de juros que ele terá de pagar se o prazo for de 48 meses?

  2. Qual terá de ser o prazo se o juro anual for de 10,7 % (TAN)?

  3. Que combinações de juro anual e prazo de pagamento poderá o Diogo tentar obter para obter uma solução mais favorável?

(Adaptado de Caderno de Educação Financeira – 4)

Para saber mais...

Referencial de Educação Financeira para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e a Educação e Formação de Adultos, aprovado por despacho do Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, de 30 de maio de 2013 (DGE).
https://www.dge.mec.pt/referencial-de-educacao-financeira

CADERNO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA 4, Plano Nacional de Formação Financeira - Todos Contam.
https://www.todoscontam.pt/pt-pt/caderno-de-educacao-financeira-4

Juros simples e compostos: o que são e como os calcular? Caixa Geral de Depósitos
https://www.cgd.pt/Site/Saldo-Positivo/o-banco-e-eu/Pages/calcular-juros-simples-e-compostos.aspx

Aprendizagens Essenciais de Matemática para o Ensino Básico - Coletânea de tarefas - Tema: Números
https://aem.dge.mec.pt/sites/default/files/resources/numeros.pdf

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